O fomento à cultura local vem ganhando novas possibilidades com o avanço das plataformas digitais e o crescimento da economia criativa. Segundo Bruno Garcia Redondo, procurador e professor da UERJ, o uso da tecnologia para potencializar manifestações culturais regionais representa uma oportunidade estratégica para fortalecer identidades, gerar renda e democratizar o acesso à arte.
Mais do que uma alternativa à produção tradicional, a digitalização se consolidou como uma via de sustentação e expansão da cultura, especialmente em contextos onde a visibilidade e o financiamento sempre foram limitados. Nesse cenário, as ferramentas digitais se aliam à criatividade dos produtores locais, impulsionando uma nova fase de inovação cultural.
O papel das plataformas digitais na valorização cultural
As plataformas digitais ampliam exponencialmente a visibilidade de projetos artísticos que antes estavam restritos a circuitos físicos ou de difícil acesso. Músicos, artesãos, escritores, coletivos teatrais e produtores audiovisuais podem hoje divulgar seus trabalhos, captar recursos e construir audiência sem a intermediação de grandes instituições. De acordo com Bruno Garcia Redondo, esse alcance permite que iniciativas periféricas, indígenas, quilombolas ou de pequenas cidades entrem no debate cultural nacional e global.
Ferramentas como redes sociais, plataformas de streaming, sites colaborativos e marketplaces oferecem não apenas vitrine, mas estrutura para comercialização e engajamento com o público. Ademais, iniciativas públicas e privadas têm utilizado as plataformas como espaço de formação, promovendo cursos, oficinas e mentorias online que qualificam agentes culturais e fortalecem ecossistemas criativos regionais.

Economia criativa como motor de desenvolvimento local
A economia criativa é hoje um setor estratégico, pois une cultura, tecnologia e empreendedorismo. Seu potencial de impacto econômico é reconhecido por organismos internacionais e por governos que investem em políticas culturais com foco em geração de renda, inclusão social e desenvolvimento sustentável.
Conforme pontua Bruno Garcia Redondo, quando a cultura local se transforma em oportunidade de negócio com base na criatividade, ela contribui para reduzir desigualdades e movimentar economias regionais. Produtos artesanais, gastronomia típica, turismo de experiência, design, moda e produção audiovisual são exemplos de segmentos que crescem a partir da valorização da identidade cultural. O desafio está em garantir políticas públicas contínuas e mecanismos de apoio técnico e financeiro para que a criatividade não seja apenas vista como talento, mas como capital com potencial de transformação social e econômica.
Inclusão digital e democratização do acesso
Embora o uso das plataformas digitais para o fomento à cultura local represente um avanço, é preciso considerar os limites estruturais que ainda impedem o acesso pleno a esses recursos. A falta de conectividade, equipamentos e formação digital em regiões de baixa renda compromete a participação de muitos agentes culturais nesse novo cenário.
Como frisa Bruno Garcia Redondo, a inclusão digital precisa ser vista como um direito cultural. Oferecer acesso à internet, capacitação tecnológica e suporte técnico para produtores culturais locais deve fazer parte de uma política integrada que compreenda a cultura como um bem essencial, e não apenas como entretenimento. Sem esse olhar ampliado, corre-se o risco de reforçar desigualdades já existentes, excluindo da cena digital justamente aqueles que têm mais a expressar sobre suas comunidades e territórios.
Caminhos para fortalecer o fomento à cultura local
Para que o fomento à cultura local através de plataformas digitais e economia criativa avance de forma estruturada, é fundamental articular esforços entre poder público, sociedade civil e setor privado. Investimentos em editais voltados à inovação cultural, incubadoras criativas, formação técnica e ampliação do acesso à tecnologia são medidas estratégicas.
Como explica Bruno Garcia Redondo, é por meio do fortalecimento de redes colaborativas, parcerias entre territórios e ações de comunicação que valorizem a diversidade cultural que se criam narrativas coletivas potentes, capazes de inspirar mudanças e construir novos imaginários sociais. O fomento à cultura local, ao se aliar à economia criativa e às plataformas digitais, abre novos caminhos para o fortalecimento das identidades regionais e a dinamização das economias periféricas. Incentivar essas práticas não é apenas uma questão de apoio à arte, mas de afirmação da cidadania cultural como direito fundamental.
Autor: Dmitry Ignatov