O Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, sócio do escritório Pimentel & Mochi Advogados Associados, menciona que a aplicação do limite de 150 salários mínimos aos créditos trabalhistas na recuperação judicial gera dúvidas frequentes entre empresários e produtores rurais que enfrentam dificuldades financeiras.
Até porque compreender esse ponto é essencial para planejar estratégias de negociação com credores e evitar insegurança jurídica durante o processo. Pensando nisso, nos próximos parágrafos, abordaremos como essa regra funciona na prática e de que maneira impacta empresas em reestruturação.
O que são créditos trabalhistas na recuperação judicial?
De acordo com o núcleo de Recuperação Judicial do escritório Pimentel & Mochi, créditos trabalhistas são valores devidos a empregados em razão de salários atrasados, verbas rescisórias, férias, 13º salário, entre outros direitos decorrentes da relação de trabalho. Isto posto, na recuperação judicial, esses créditos recebem tratamento diferenciado porque estão diretamente ligados à subsistência dos trabalhadores.
Segundo o Dr. Lucas Gomes Mochi, também sócio do escritório, os créditos trabalhistas têm prioridade de pagamento, mas sofrem uma limitação: apenas até o valor correspondente a 150 salários mínimos por credor serão considerados como créditos trabalhistas. Logo, o que ultrapassar esse limite será classificado como crédito quirografário, concorrendo com outros credores comuns no plano de recuperação. Essa diferenciação busca equilibrar a proteção aos trabalhadores e a viabilidade do negócio.
Como funciona o limite de 150 salários mínimos?
O limite de 150 salários mínimos foi estabelecido pela Lei 11.101/2005 para evitar que poucos credores com valores muito altos inviabilizem o processo, como pontua o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel. Isso significa que, em uma ação de recuperação judicial, um ex-empregado que tenha, por exemplo, R$ 300 mil a receber só terá reconhecidos como créditos trabalhistas até o teto equivalente. O excedente passará a ser tratado como crédito comum.
Essa regra pode gerar frustrações em alguns casos, mas é necessária para garantir que a maioria dos credores trabalhistas receba pelo menos parte significativa de seus direitos. Dessa forma, evita-se que empresas em recuperação enfrentem uma pressão financeira impossível de cumprir, o que poderia levá-las à falência.
As principais dúvidas sobre créditos trabalhistas
Empresários muitas vezes se deparam com questionamentos recorrentes quando lidam com a recuperação judicial e créditos trabalhistas. Entre eles:
- Quem calcula o limite?: o administrador judicial, nomeado pelo juiz, é responsável por verificar o valor de cada crédito e aplicar o teto de 150 salários mínimos.
- O que acontece com o valor excedente?: tudo o que ultrapassar o limite passa a ser considerado crédito quirografário, sujeito às condições do plano aprovado pelos credores.
- E se houver acordo trabalhista homologado?: mesmo nesse caso, a limitação continua valendo dentro da recuperação judicial, pois a lei prevalece sobre a vontade das partes.

Esses pontos ajudam a esclarecer como funciona a classificação, mas também reforçam a necessidade de assessoria jurídica especializada para evitar erros que podem comprometer o processo.
Como empresários podem se preparar para lidar com créditos trabalhistas?
Conforme destaca o Dr. Lucas Gomes Mochi, o tratamento adequado dos créditos trabalhistas exige organização e planejamento. A seguir, veremos alguns cuidados importantes que auxiliam a condução segura da recuperação judicial:
- Auditoria prévia das dívidas: levantar com precisão todas as obrigações trabalhistas, identificando valores que se enquadram no limite e aqueles que se tornarão créditos comuns.
- Transparência na negociação: apresentar dados claros aos credores e ao administrador judicial fortalece a credibilidade do devedor e aumenta as chances de aprovação do plano.
- Planejamento de fluxo de caixa: prever no plano de recuperação os recursos necessários para o pagamento dos créditos trabalhistas, garantindo que a empresa mantenha sua operação ativa.
- Acompanhamento técnico contínuo: contar com equipe jurídica e contábil preparada para acompanhar o processo reduz riscos de impugnações e acelera a homologação do plano.
Essas medidas ajudam a transformar a recuperação em um instrumento real de reorganização, preservando empregos e viabilizando a continuidade das atividades.
Os riscos de ignorar o limite dos créditos trabalhistas
Por fim, ignorar o teto legal ou tentar descumpri-lo pode gerar consequências graves, como a rejeição do plano de recuperação judicial pelos credores ou até a convolação em falência. Conforme frisa o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, quando a empresa deixa de considerar a regra dos 150 salários mínimos, coloca em risco não apenas sua imagem, mas também a confiança dos credores e do próprio Judiciário. Assim sendo, os empresários que tratam o tema com clareza, respeitando os limites legais e adotando medidas preventivas, conseguem maior adesão ao plano e mais chances de superar a crise.
Manter a atenção aos créditos trabalhistas fortalece a recuperação judicial
Em última análise, o limite de 150 salários mínimos aplicado aos créditos trabalhistas é um mecanismo de equilíbrio que busca proteger a maioria dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, permitir que empresas tenham condições de se recuperar. Portanto, ignorar essa regra ou não planejar seu impacto pode levar a impasses sérios, dificultando o soerguimento da empresa. Logo, compreender esse aspecto é um passo essencial para empresários e produtores que desejam atravessar a recuperação judicial com segurança.
Autor: Dmitry Ignatov